31 de dezembro de 2009

Quando somos pequenos.

Quando somos pequenos. Tudo é encantador. Tudo brilha. Tudo está bem. Não há medos, os receios não existem. Há uma porta gigante à nossa espera.. ela que espere. Não temos pressa. Vivemos um dia de cada vez. O pensamento é curto. A antecipação é rara. A preocupação é inexistente. Só existem sonhos. Sonhos de criança. Sonhos de felicidade. Sonhos de que tudo está bem. A realidade confunde-se com os sonhos e só choramos quando temos fome, quanto não temos o nosso brinquedo preferido. Depois tudo desaparece. A realidade é outra. A porta não espera mais. Sempre quis teimar em não entrar. Tive receio. Continuo a ter.. Um dia cedi à minha própria teimosia, enchi o peito de ar, pensei ser forte e quis aventurar-me. Devagarinho espreitei pela porta. Senti uma brisa percorrer o meu corpo, lembro-me de pensar “não é assim tão mau”. Consigo recordar vozes de entusiasmo, algumas gargalhadas, em verdade foram muitas.. e sonhos que se refizeram. Os sonhos voltaram. Arrependi-me da minha teimosia inicial. Mas por pouco tempo. Uma vez mais, tudo voltou a desaparecer. O que estava por detrás da porta tornou-se cruel. Magoei-me. Magoei-me demasiado. Magoei-me como nunca desejaria que alguém se magoasse. Reprimi. Oprimi. Tentei refugiar-me, abrir a porta de novo, voltar atrás. Era tarde demais. Conheci então o choro. Senti a dor. Desesperei por uma saída. Não a encontrei. Assim não tive alternativa e fui vagueando. Vagueando por caminhos menos conhecidos. Vagueando por sentimentos turbulentos e escuros. Perdi a esperança. Perdi a vontade. Aprendi a desacreditar. Aprendi a desconfiar. Assim vivi. Assim ultrapassei a porta. Arrependi-me de o ter feito, mas será que não terei nada aprender com isso? Dizem-me que é altura de arriscar. Eu quero faze-lo. Chega de sentir esta opressão, este receio. Ao mesmo tempo pergunto-me se estarei preparada. Se o quero mesmo. Se não serão os tais sonhos de outrora a guiar-me, uma vez mais, até mais um fosso. Até que ponto quererei arriscar tanto? Não sei dizer. Não sei pensar. Não quero pensar, aliás. Queria ser pequena outra vez. Sentir-me protegida de novo. Quero sentir uma felicidade pura. Sentir um verdadeiro sentimento. Chegar a conclusão que tudo pode ser encantador, tudo pode brilhar e sentir que tudo está bem.

23 de dezembro de 2009

Um dia (...) hoje é o dia.

Nada disto é de minha autoria. Sim, seria bom poder gabar-me de escrever tremenda declaração cheia de sentimento. Mas também não importa. Há alturas em que se faz sentido pouco interessa se fomos nós que o dissemos ou o escrevemos pela primeira vez. É para sentir.

Bem perto de um certo postal estas palavras estão escritas.


Luz intermitente segue-me
Confunde-me e deixa-me ao sabor
Do vento e das tempestades que põem à prova o meu amor
Cada quilometro que percorro
Fica marcado na minha pele
Que já parece um diário de estrada
Ao longo desta distância cruel.

Hei! Consegues ouvir-me?
Estou aqui no silêncio do meu quarto
Usando a telepatia
Para conseguir cantar-te.

Hei! Consegues alcançar-me?
Estou em ti no silêncio do teu quarto
Usando esta canção
Para encurtar, entre nós, este espaço.
E a cada metro a mais eu fico
Frustrado a pensar em nós
Sabes que não paro de te amar
O que sinto tem a força na voz.

Hei! Consegues ouvir-me?
Estou aqui no silêncio do meu quarto
Usando a telepatia
Para conseguir cantar-te.

Hei! Consegues alcançar-me?
Estou em ti no silêncio do teu quarto
Usando esta canção
Para encurtar, entre nós, este espaço.
Sei que lá estarás para me amparar

E esta distância eu vou eliminar.

Hei! Consegues sentir-me?
Estas aqui comigo no meu quarto
Num mundo abstracto
E adormeço nos teus braços
E já não há mais distancia...


"morada: junto de mim"