27 de novembro de 2015

Um dia (a)normal.


Espirrar umas 40 vezes por dia (num dia bom). Assoar o nariz. Coçar os olhos. Coçar o céu da boca. Sensação de areia nos olhos. Coçar novamente. Olhos vermelhos e a lacrimejar. Nariz a correr. Nariz entupido. Mais assoadelas. Sensação de comichão na garganta. Forçar tosse para aliviar. Mais corrimento nasal. Mais espirros. Mais comichão nos olhos. Muitos lenços gastos. Todo um rasto de destruição na pele que abraça o nariz e em volta dos olhos. Dar uma ajudinha com creme. Grandes camadas de creme. Novos espirros. Novas assoadelas. Mais comichão. Lá se foi o creme. Mais pele seca. Noites intranquilas. Constante sensação de comichão no nariz. Espirros novamente. Acordar para assoar o nariz. Não voltar a adormecer porque o nariz continua a incomodar. E os olhos também. Mais vermelhidão. Sensação de falta de ar. Expectoração constante. Tosse. Mais espirros. Mais comichão no nariz. A dor de cabeça de tanta pressão. De tanto espirrar, de tanto coçar, de tanto enervamento. Mais espirros. Sempre mais e mais espirros. Rinite alérgica, essa minha amiga. 

Assim se passam 90% dos meus dias. E estimar que é 90% já é considerando que tenho 10% de descanso de tudo isto, normalmente só com o efeito de um bom anti-histaminico em cima (Actifed - o único eficaz para o meu caso mas que dá uma soneira tremenda - uns 3 por dia e andava aí como se nada fosse mas, não quero depender de comprimidos) e prevendo que faz o efeito prolongado que preciso. As vezes, infelizmente, nem isso é suficiente. E os 90% sobem facilmente para 95%. Maior parte das vezes o meu nariz e os meus olhos parecem uma batalha campal. Uma batalha que eu nunca consigo ganhar e com a qual estou sempre a ser bombardeada. Sem descanso. Sem um momento de sossego. É saturante. É de uma pessoa querer fechar-se num sitio e ficar lá quieta mas o mais provável é continuar a espirrar. Um tratamento de 15 injecções e eu fiquei na mesma. Tudo me faz mal.

A luz faz-me mal. As camisolas fazem-me mal. Os tapetes fazem-me mal. Os cobertores e as mantas idem. As alcatifas são um atentado à minha saúde. Os cheiros. Os perfumes. Os desodorizantes. As velas. As écharpes. O pó. O maldito pó que nunca se acaba. Ácaros foi o que me disseram. Alergia aos ácaros, o teste provou que sim. Mas como é que se vive sem ácaros? Como? Estão em todo lado. Estão sempre em todo o lado. O pó limpa-se e nos dez minutos seguintes la está ele novamente. Areja-se tudo e mais alguma coisa mas o alivio é pouco. É nenhum. 

Não há alivio. 
E mais um dia na minha vida, igual a tantos outros, assim passará.

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